sábado, 14 de novembro de 2009

No dia 4 de novembro foi lançado na Livraria do Museu da República o livro Minha Pátria é a Língua Portuguesa, do historiador Adriano de Freixo.


Apresentado originariamente como uma tese de doutoramento em História Social, na Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, este livro analisa de forma bastante abrangente – através do diálogo entre diversos campos da História e das demais Ciências Sociais – como se deu a construção da idéia da lusofonia, a partir da década de 80 do século passado, no momento em que Portugal ensaiou um “retorno à África”, depois de quase uma década de esquecimento. Este relativo desinteresse pelos assuntos africanos teve início logo após a concretização da independência das antigas colônias portuguesas, em meados da década de 1970, quando o Estado português relegou ao segundo plano sua tradicional “política atlântica” e passou a priorizar o processo da integração do país à Comunidade Européia. Na década seguinte, com esta integração já concretizada, o antigo império colonial volta à ordem do dia, sob uma nova perspectiva. Assim, foi neste contexto que setores da elite política portuguesa – de todas as correntes políticas, inclusive do Partido Socialista – e da intelectualidade progressista encamparam o ideal da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Nesse momento, procurou-se construir um consenso nacional em torno da sua construção, através da idéia da lusofonia, uma releitura, em novos parâmetros, do discurso secular da originalidade da cultura portuguesa e das marcas que ela deixou no mundo, a partir das grandes navegações dos séculos XV e XVI. Com esta perspectiva, procurou-se referendar tal idéia com a busca em experiências passadas ou em escritos de intelectuais e pensadores - bastante distintos entre si - dos elementos necessários para o processo de legitimação daquela Comunidade; então em processo de gestação. Assim, através do resgate e da re-significação de conjunto de mitos extremamente caros ao imaginário lusitano, a idéia da lusofonia ganhou corpo e tornou-se efetivamente uma força mobilizadora para amplos setores da sociedade portuguesa. Todas estas questões aparecem ao longo desta obra que, além de refletir sobre a sociedade e o Estado portugueses na contemporaneidade, também aborda uma série de questões direta ou indiretamente ligadas às relações exteriores do Brasil, e em especial, às relações luso-afro-brasileiras.

Sobre o Autor

Doutor em História Social (UFRJ) e Professor do Programa de Pós-Graduação em Estudos Estratégicos da Universidade Federal Fluminense – PPGEST/UFF. Autor e organizador de diversos livros e artigos sobre Relações Internacionais, Política Externa Brasileira e História do Brasil Contemporâneo. Dentre seus principais trabalhos destacam-se a organização das obras coletivas Tempo Negro, Temperatura Sufocante: Estado e Sociedade no Brasil do AI-5 (Rio de Janeiro, Editora da PUC-Rio/Contraponto Editora, 2008) e O Brasil de João Goulart: Um Projeto de Nação (Rio de Janeiro, Editora da PUC-Rio/Contraponto Editora, 2006) – com Oswaldo Munteal Filho e Jacqueline Ventapane Freitas – e A Ditadura em Debate: Estado e Sociedade nos Anos do Autoritarismo (Rio de Janeiro, Contraponto Editora, 2005) e Cinco Olhares sobre a Sociedade Brasileira: Reflexões sobre História, Cultura e Política (Rio de Janeiro, Editora Pontal, 2004), com Oswaldo Munteal Filho.

Um comentário:

  1. não creio que num livro nem em mil ou mesmo um milhão de livros, poderia transmitir tudo que vivi, senti, ... o silencio, diz mais , rabiscar palavras, letras, , sentimentos numa folha da papel, ou na net , jamais levaria a voces , o que tenho pra falar ! será tipo assim coisa sem cabeça nem pé , por que o espaço é pouco os sentimentos são muitos .....-

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